sábado, 18 de julho de 2015

Férias na praia

Nas férias havia   também a praia , a viagem para lá chegar com os inúmeros preparativos , o abrir da casa e rever as divisões feitas para  viver um Verão cheio de marezias  , as  saídas para a esplanada e para ir comprar gelados .
Mas havia nessas férias principalmente pés a fugir da areia quente , o mudar o fato de banho molhado depois de um banho em água gelada e salgada , aquelas areias que se metiam nas dobras da roupa e que por mais que sacudisse não desaparecia por completo .....as bolas de Berlim cheias de açúcar ,tão apetitosas mas que ao trincar entre o açúcar com canela se encontrava sempre...sempre um salgado grão de areia ....nada , nem as deliciosas bolachas americanas chegavam para  compensar o desconforto da praia .
De noite no quarto da janela aberta não vinha o agradável cheiro a terra quente mas um ar húmido , salgado , que se colava ao corpo e escorregava por entre os lençóis trazidos da quinta tentado encontrar e abafar o aroma a alfazema que lhes pertencia.
Não gostava especialmente do passadiço feito com ripas de tábuas que serpenteava desde a borda da praia , o paredão como lhe chamavam até à tenda de lona azul onde tinha o balde , as pás , as formas junto a uma série de brinquedos a que não achava graça , assim como não achava à brincadeira de fazer castelos de areia molhada ali na borda do mar para o ver aproximando aos poucos e aos poucos desfazendo um a um cada um dos seus torreões deixando a areia molhada espalhada sem graça misturada com a espuma das ondas .....mas que graça tinha tudo aquilo .....? e sentada à  beira mar , sentindo areia entrar para dentro do fato de banho que começava a picar , as mãos engelhadas pela permanência na água , os dedos ficando de um tom arroxeado e doendo , suspirava pela sombra do pomar , pelo som suave e cantarolado do riacho tão diferente do ruído agressivo do imenso mar que se estendia até perder de vista......
Não , aquelas férias na praia , com as tardes sentada na esplanada comendo gelado que pingava um molho doce e pegajoso , incomodo  e desagradável nas mãos e invariavelmente no vestido tornando tudo num conjunto que pedia " vamos lavar com água doce ..."
Não aquilo apesar de lhes chamarem férias de Verão não eram as minha férias !
 Era uma espécie de doloroso intervalo das férias até de novo regressar á quinta , ao quarto por onde de noite pela janela aberta entrava o cheiro a terra quente o suspiro do cão , o refilar do mocho , o canto longínquo das rãs e onde adormecia sem cuidados , mergulhada naquela segurança de que o dia ia acordar com a casa a cheirar a fatias douradas .....
Isso sim eram as férias grandes , as Ferias de Verão
 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Se ...


Se esperamos pacientemente que alguém chegue , o melhor é encontrar um recanto como este e sentar no banco do jardim . Certamente irão passar













 

terça-feira, 14 de julho de 2015

"Instante " mágico

Havia sempre aquele   "instante" mágico que se seguia ao toque das vésperas.
 A tarde tinha acabado , diziam os sinos e com ela o abrasador calor que lhe pertencia ia embora .
A paz serena em que tinha mergulhado a casa na sesta durante as horas de calor , acabava  .
A vida retomava o ritmo animado , eu saia do quarto a correr , descia as   escadas e corria para o jardim ao encontro do caseiro que  certinho como o relógio da igreja já estava de sachola ao ombro a caminho da horta .
 As sandálias iam sempre mal apertadas e tão certo como o relógio da igreja era o trambolhão e os joelhos sujos de terra limpos apressadamente no vestido . Tinha de chegar a tempo de ouvir o sacho entrar na terra seca abrindo um carreiro que se enchia de água e vê-la então correr apressada pela levada .
Era a melhor parte do dia , correr de sandálias desapertadas tentando acompanhar a corrente de água onde colocava um pedacinho de madeira que navegava descontrolado na corrente de água límpida  . A ideia era chegar primeiro ali em baixo onde a sachola do caseiro num novo golpe certeiro desviava a água para outro carreiro e observar maravilhada o pedacinho de madeira que dava a curva , rodopiava indeciso mas acabava seguindo feito maluco pelo novo sulco a caminho das nabiças .
Melhor que isto só andar depois no meio da terra preta e molhada apanhando  os escaravelhos das batatas que tinham aparecido depois da água ter passado . Pretos com riscas verdes e alaranjadas eram transportados aos molhos para terra seca numa missão de salvação que me dava uma imensa sensação de dever cumprido, ficando depois a vê-los apressados esgravatando a terra onde desapareciam .
O fim de tarde era uma parte do dia muito boa , trazia  toda aquela brincadeira , a lembrança do que tinha sido feito desde o amanhecer e a alegre promessa de um novo dia .
Eram as férias grandes , as férias de Verão !

Um banco para ....

Um banco para uma conversa a dois .

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Férias de Verão

Esperar que a casa adormecesse fazia parte da rotina e encanto das férias de Verão . Fazia-se escuro ao apagar das luzes , a janela do quarto deixava entrar sempre uma brisa que cheirava a terra e quando tudo parecia que ia adormecer o ruído de uma porta que se abria.....os passos ligeiros ao longo do corredor a caminho da cozinha....o ranger da porta do frigorífico seguido do abrir de um dos armários....era o dos copos pois ouvia-se de seguida o vidro pousando na pedra da mesa de cozinha .....alguém tinha ido ao leite . De novo passos ligeiros no corredor e o entreabrir de outra porta ....um sussurrar quase inaudível seguido de um gargalhada que fugia alegre ....os passos seguem-se mais apressados e o bater de duas portas em simultâneo era a promessa de que finalmente a casa ia adormecer.
Eis senão quando um ranger de pneus lá fora avisavam que o familiar que fora sair depois de jantar regressava sem cuidados para não acordar o casarão e quem nele dormia .Uma janela era aberta com o mesmo descuido , mais um sussurrar este já audível "ai és tu !" " quem havia de ser a esta hora ? - algum lobo mau - um riso de troça marota " e o bater da porta do carro , o ruído das chaves,  o ranger da porta da entrada e o seu bater seco seguido de passos seguros ao longo do corredor , também estes a caminho da cozinha ......abria-se o armário dos copos....o vidro fazia barulho ao pousar na pedra da mesa de cozinha....a torneira guinchava ao ser aberta....a água fazia barulho ao encher o copo...a torneira tornava a guinchar ao ser fechada ....o familiar que tinha saído depois de jantar e acabava de regressar a casa pousava o copo dentro do lava loiça ......passos no corredor...para o quarto do avô?....não ia ao escritório . O interruptor fazia clic e o  escuro da noite era de novo iluminado .
Papéis ....gaveta...outra gaveta , esta  a ser fechada , o sofá raspava no chão , o interruptor fazia de novo clic e voltada de novo a ser escuro .Passos no corredor , uma porta a ser aberta logo fechada agora com cuidado .....
Lá fora o mocho que vivia na árvore em frente da janela mostrava ruidosamente que queria a noite só para ele ....uma rã lembrava-se de cantarolar lá ao longe e o cão lançava um suspiro como só ele sabia......depois o silêncio apenas cheio dos rangeres da casa que finalmente ia adormecer ....
Eram as férias de Verão ! Felizes férias de Verão!

Um banco rodeado de ....

Este banco está rodeado de pequenas flores a que chamava de " malmequeres " .
Pois fica aqui o nome exacto , informação dada no local por que sabe :) :-"Erigeron Karvins Kianus"
O banco não tem nome , é um simples banco de jardim rodeado de flores , uma maravilha !

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Sempre que posso....

Sempre que posso regresso a este recanto para me sentar sem limite de tempo e recordo um poema de Álvaro de Campos

 " Não estou pensando em nada
    E essa coisa central , que é coisa nenhuma
    É-me agradável como o ar da noite ,
    Fresco em contraste com o Verão quente do dia "
 

terça-feira, 7 de julho de 2015

Parece austero.....

Parece austero mas é um local de uma beleza tão suave que não se sente  o frio da pedra e é muito difícil vir embora . 

quarta-feira, 1 de julho de 2015